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6.14.2012

DE DUBLIN A GALWAY

Hoje de manhã a caminho do trabalho,  ouvi que a Aung San Suu Kyi vem à Europa após mais de vinte anos de ausência e que, no seu périplo, vai encontrar-se com Bono Vox em Dublin. Recordei de imediato a cidade e o país...
Decidi passar o meu último aniversário na Irlanda. Estava de férias e sair de Lisboa para um outro local pareceu-me interessante. Num ápice, procurei e mal dei por mim já tinha colocado o código do  cartão de crédito. Há impulsos a que não se consegue resistir...

Cheguei ao aeroporto de Dublin por volta das sete horas da tarde. Pequeno, confortável e suficientemente acolhedor. Apanhei o autocarro da Airlink por 6 euros para o centro da cidade, mais propriamente para O'Connell Street, de onde seria fácil encontrar outro transporte para o meu hotel. Saí na O'Connell, uma das mais largas avenidas da Europa (desenhada por Luke Gardiner em 1740) e apanhei o tal autocarro conduzido por uma senhora que andou literalmente comigo à procura do hotel. Insólito, sim! Mas aconteceu. Ela ia conduzindo o autocarro devagarinho até o encontrar e garantir que me deixava à porta. E era um autocarro público! Começou aqui a minha simpatia pelos irlandeses. Desde a faculdade que me recordava das anedotas dos ingleses para os irlandeses, algo semelhante ao que acontece com as anedotas sobre alentejanos.

Povo afável e festivo, os irlandeses celebram a vida a todo o momento. Andei por Dublin como se fosse uma pequena cidade do interior de Portugal, parando obrigatoriamente todos os fins de tarde no Temple Bar para uma pint de Guineess ou duas, a aquecer a alma que em Dublin faz frio em fevereiro. O Temple Bar é a catedral de Dublin, onde tudo acontece e ponto de encontro de locais e estrangeiros... mas há centenas de pubs em Dublin, basta escolher.
Dublin é uma cidade para se percorrer a pé. Rica em edifícios de estilos georgiano muito bem conservados, visitar as suas catedrais é obrigatório (a St. Patrick Cathedral  é a maior igreja protestante da Irlanda e considerada a catedral do povo e a Christ Church Cathedral foi a primeira igreja de Dublin fundada em 1038) mas acabamos quase sempre por acabar no Trinity College, cuja livraria tem mais de três milhões de livros... ou para dar de frente com a estátua de Oscar Wilde ou de James Joyce. Eu que gosto de cafés, tento explorá-los nas cidades por onde passo e em Dublin, o Bewleys em Grafton Streer é um sítio a não perder, onde podemos observar as senhoras irlandesas a beber o seu chá. Claro que quem visita Dublin ou qualquer outra cidade daquelas paragens não resiste à oferta de livros fantásticos em segunda mão a 1 euro ou 50 cêntimos nas muitas lojas Charity que se encontram a cada rua. Os irlandeses são verdadeiramente um povo de escritores e de leitores... Dublin, cidade calma e acolhedora, onde a literatura paira no ar assim como o espírito de sobrevivência dos muitos milhares que tiveram de emigrar aquando da Grande Fome (The Great Famine foi um período de fome, doenças e emigração demassas que dizimou a irlanda entre 1845 e 1852).

Mas Dublin não é a Irlanda. E o comboio é uma das melhores formas de conhecer o país. Da estação de Heuston, a viagem demore cerca de 3 horas e custa cerca de 45 euros.  Optei por Galway em vez de Cork. Qualquer dos sítios serviria para me deixar sentir o outro lado... Mas Galway, uma pequena vila costeira e considerada por muitos um dos locais mais descontraídos do oeste da Europa Ocidental, tem um estilo de vida sereno e boémio, indo todas as suas ruelas dar ao mar. Conhecida com o terra das tribos durante a Idade Média (por ter sido governada por 14 tribos bárbaras), realiza uma feira semanal onde a música celta é soberana e os fish and chips também.

Regressei de Dublin no dia do meu aniversário com a frase do Bernard Shaw em mente:
 "Ireland, sir, for good or evil, is like no other place under heaven, and no man can touch its sod or breathe its air without becoming better or worse."
- George Bernard Shaw

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