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7.01.2013

PALAVRAS

Realizo-me em palavras. Tenho uma relação cúmplice com o verbo. Sou EU quem sou através da escrita, esta evanescente escapa emocional que me torna, que nos torna... indestrutíveis. Porque estabilizada nas agonias privadas, escrevo para melhor lidar com a morte. A minha morte. A nossa morte. A tua morte. Esta fome voraz por experiências vai matar-me e só pela imaginação chegam a mim. Tenho em mãos dois projetos incipientes: o meu livro e tu. O único homem com quem me casaria... tu, que consegues disfarçar a minha loucura... tu que nunca amarás ninguém. Por isso, me rebelo contra mim própria, eu que aprendi contigo a não viver por impulso, por emoção. Afoguei-me nas palavras que me sacudiram de repente quando percebi que, finalmente, seria capaz de te amar. Atordoada, quero duas coisas: amar e ser livre ao mesmo tempo. E pouco mais. E nada mais. Por isso escrevo. receando perder-lhe o hábito... Teço assim mais umas páginas deste projeto anódino mas repleto de desejo de verdade. Há aqui uma enxurrada de palavras que tu temes. Movo-me aos solavancos. Sei... Temo mesmo que a lucidez me fuja. Quero sair de mansinho... esgueirar-me do mundo discretamente. Talvez tenhas razão. Talvez a melhor coisa a fazer seja dormir. 

TOQUES

Só um pequeno toque de sol e fica eufórica. Só um pequeno toque de felicidade e esquece as misérias. Fundamentalmente, dá-me bem com quase toda a gente. Principalmente, dã-se bem consigo própria...

FUGA

Na próxima semana e nas seguintes, ela fugiu para parte incerta. Para um sítio qualquer que não estava no mapa. E pediu-lhe apenas:
- Não me faças perguntas e eu telefonar-te-ei uma vez por dia. Está bem?

MOMENTUM

Hoje estou feliz no meu modo de estar triste...

DESCOBERTAS


REFLEXÕES:

Quando me rendo o problema deixa de existir; os que são 

postos à prova de forma mais violenta são aqueles que mais 

têm para dar; o mundo está a contrair-se e nós nem damos 

conta; quero muito pouco, cada vez menos; criar qualquer 

coisa nova, seja lá o que for, é sempre difícil porque  é uma 

tentativa nossa de recuperar o que já foi perdido; gosto de 

pessoas simples, locais simples e refeições simples; ela foi a 

única pessoa que eu conheci que soube usar o silêncio de 

forma eficaz.

MEDO

MEDO. Agora vejo isso em ti, quando dormes, quando enganas, quando te esquivas, quando te escapas, quando procuras o café,a multidão. Relativamente a nós os dois, não consigo compreender porque não havia alguma rzão para a nossa relação ser trágica. Não havia nenhuma... Mas entretanto, ela tornou-se trágica para mim, porque nada fazes para torná-la real; tudo o que fazes dissipa, dissolve, decompõe a nossa relação. Tu volatilizas.

Anais Nín e Henry Miller, Cartas de Amor.