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6.16.2012

AS PALAVRAS

Hoje acordei com palavras...a pensar em palavras... nas palavras...
Sei o crime da palavra, da fatalidade do sim e do não... Sei que os atos valem mais do que as palavras e sei que elas nos condicionam o pensamento. Sei que lutar com palavras é a luta mais vã, sei de palavras com poucas ideias, palavras vazias e frases-feitas... e sei mesmo que, em última instância, quando estamos irremediavelmente sós, as palavras não servem para nada.

Mas eu preciso de palavras como do ar... Sim, há palavras que nos beijam e há as outras, as palavras que nos matam (melhor, as que me matam...) como se fossem punhais.

Falávamos há dias entre amigas e algumas gargalhadas sobre o tema e recordei de imediato a minha profunda sensibilidade às palavras quando, após falar cerca de quarenta e cinco minutos com um meio conhecido, amigo de uma amiga, ele encerrou o diálogo com a frase: - Boa noite, vou nanar! Ora, eu que nem com crianças aprecio particularmente a infantilização discursiva, arrepiei-me e, sim, encerrei ali e para sempre aquele processo dialogante que o dito sujeito inutilmente tentou prosseguir nos dias seguintes. O mesmo se passou tempos mais tarde com o indivíduo sensato e sensível, de boas famílias e intenções que, sentindo-se jà à vontade no discurso, desejou-me boas noites por sms acrescentando: 
- Boa noite! Banhoca tomada, leitinho bebido...
Pum catrapum pum pum... Foi o fim do que não tinha começado. Aquela frase entoou horas a fio pela minha cabeça e, os diminutivos usados, ainda hoje fazem efeito... 

É claro que temendo o elevado exagero do meu espírito crítico, pedi imediata ajuda às experts na matéria. Duas amigas. Uma, como eu, referiu apenas, sorriso largo e olhar manhoso: - Compreendo! A outra, mais benevolente, usou da sua capacidade engenhoso-discursiva para tentar explicar que, em determinados contextos, um homem maduro pode dizer que tomou banhoca e bebeu leitinho... mas não nos convenceu...

Pronto! Chego assim ao cerne da questão... Será que o amor ou a falta dele nos infantiliza? Será preciso dizer ao outro Gosto de Tu? E aqui confesso-me assustada com a minha galopante perda de sentido crítico... Julgo até ter respondido com um também Gosto de Tu, só talvez justificável porque, de facto, indubitável e inesperadamente, também gosto de ti!

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