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3.11.2011

O RISO DE DEUS


"Eu não era uma amargurada mas tinha algumas ansiedades. Dava as minhas aulas na universidade, tiha uma boa relação com o meu marido e com os meus filhos. Hoje, já sei de que era o meu vazio: acho que só a minha relação com os filhos era verdadeira. As aulas não me diziam nada porque a gente a certa altura descrê dos saberes e repara que estamos ali a cumprir um ritual... Com o Bob eu estava bem, mas não tinhamos nada a dizer um ao outro. A gente não consegue convencer-se de que não é vida chegar a casa à noite, comer, ouvir uma música e ficar naquele frente-a-frente absurdo, em que a imaginação e a novidade, quando aparecem, vêm da televisão e não de nós."

O Riso de Deus de António Alçada Baptista

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