O meu pai era um homem alto, magro, de olhos azuis cristalinos e rosto perfeito. Era um homem estranhamente elegante que me habituei a ver à distância nos seus espaços de eleição: a sua secretária, onde lia e escrevia avidamente, e o canto do quintal, sob aquela imensa amendoeira que nunca, que me lembre, deu algum fruto.
Os seus hábitos escandalizavam. As suas palavras, sempre novas, deixavam-me inquieta. Era demasiado diferente dos demais...
Mas as suas leituras, os seus livros, os seus poemas permanecem em mim.
Sinto saudades de o ver. Acordo todas as noites a olhar para os seus olhos azuis a devolverem-me um sorriso.
Não o vi morrer. Morreu sozinho como morrem todos os HOMENS. Só espero que tenha sido devagarinho, como se estivesse a adormecer.
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